1.3.09

A meio do luto

Neste momento sinto necessidade de exercitar a memória e relembrar, sofrendo, o que tive, permitindo que se esvazie a dor...

Uma vez fizemos amor... uma vez, um dia, uma noite... após tantas noites de interlúdio amoroso...

Ela sabia quem eu era, eu pensei saber quem ela era... Ela sabia como estava na relação, eu pensei saber depois daquela noite... mas não sabia...

Após tantas negativas, telefonou-me e disse que não me fecharia a porta... que me deixaria entrar...

Levantei-me e fui.

Pelo caminho sonhava... pensava... arquitectava... havia condicionantes que tinha que respeitar para a sua segurança. Nada de mal, já que estava a caminho de ser livre (proforme), mas mesmo assim, era necessário manter algum quid pro quo!

Cheguei... estacionei longe... a noite estava fresca... mas o calor que me invadia até me tirava o ar dos pulmões enquanto acorria apressadamente a sua casa.

Entrei... esperava-me... falámos enquanto ultimava umas coisas para o dia seguinte... fui abraçando-a aqui e ali... beijando aqui e ali... tocando aqui e ali... dois adolescentes...

Passámos à sala... Enledámo-nos mutuamente... fomo-nos despindo... ela é tão linda!...

Que lindas curvas que vislumbrei por detrás da bacidão da minha retina...

Que lindo peito, perfeito, do tamanho da minha mão... encaixava como uma luva... exactamente aquilo que já tantas e tantas vezes tinha sentido na penumbra dos nossos encontros... Lindos de morrer! Firmes, duros... um deleite... até hoje ainda não tinha encontrado outros iguais... deveras!

Fizemos amor... livre... ela em cima de mim... eu por baixo em perfeito extase...

De inicio, encostava-o sem meter... saia... repudiava-me... empurrava-me... as suas mãos contra o meu peito mais nos unia... aquela pressão contra mim ligava-nos tanto... sentia isso nela também...

Ela afastava-me porque gostava de me sentir... eu sou firme... duro... por debaixo desta capa que poucas conhecem...

Então, entrei... penetrei... estava completamente livre... eu era dela... tanto assim, que num acto de confiança puro... entreguei-me completamente... como se já fôssemos um casal...

Tanta vez me afastou e se deixou penetrar que... a dado momento, não deu mais... vim-me nela... bem fundo... enquanto me criticava sem tirar "vieste-te?... Vieste-te?..."

Mas não tirava...

"Porquê?" - perguntava - "Porquê?"

Mas mesmo assim não tirava... também ela queria que eu tivesse sido total para ela... não mo disse... senti...

Lavou-se e voltou...

Após algum tempo em que conversámos... sobre o sucedido... mais perguntas... mais respostas... e fizémos novamente amor... foi lindo!

Uma vez mais, agora mais demoradamente... vim-me... e veio-se... o prazer foi mútuo... uma entrega bilateral...

Ficámos assim lado a lado... no chão... falando... bebendo os olhos um do outro... embriagados de sono e de cansaço...

Depois... no dia seguinte... bom, no dia seguinte... quando me apaixono... apixono-me... sem reservas... e a paixão já vinha de antes... não era fruto do acto da noite anterior... era amor espiritual!

Ainda hoje sinto que ela, apesar das suas paranóias, é o meu amor espiritual... aquela que mais se assemelha a mim em tudo... e quando refiro tudo, é mesmo tudo... psicologicamente, etereamente, fisicamente, espiritualmente, desejosamente...

Sabem qual é o problema? É que eu SEI que sou o mesmo para o lado dela!

Mas como qualquer apaixonado, e como ninguém é perfeito, nem sempre a razão nos acompanha, e pode-se dizer algo que mais não é que uma necessidade de reforço do laço emocional através da "agressão" e do criar de crispação... Não aceitou!

Ela tinha condicionantes... eu tinha as minhas... disse-lhe como seria se decidisse...

Para mim acobardou-se, já que estava fresco o seu passado, e aproveitou a situação para cair fora daquilo que em última análise lhe daria mais prazer e ia de encontro ao que precisava!

Até hoje não estive mais com ela, e só a vi de relance quando cruzámos de carro uma vez!...

Falávamos ao telefone... mas eu não podia manter esta situação de prolongar um laço e um elo que me causa tanta dor... e cortei porque como posso falar intimamente com alguém que me diz tanto e que não dá nada de volta?

Porque, mesmo depois de lhe dizer que não dava para continuarmos a falar, não lutou por mim, já que não se fala com alguém horas ao telefone que nãos e quer ver?

Pois, meus amigos, é esta a história do meu afastamento...

Dói-me a alma a cada letra que escrevo! A cada palavra apetece-me ligar-lhe... mas isso é dar a possibilidade de ela dizer não... e isso não vou fazer...

Tanta mulher com que me cruzo, tanta mulher que sinto que seduzo... e os meus pensamentos sempre presos nela!...

Dói muito...